quinta-feira, 21 de abril de 2011

Sobre essas e outras...

E abril já está terminando...Estou aqui, no primeiro dos meus quatro dias de folga, "matutando" sobre a vida, e pensando em tudo que já vi e vivi nesse ano...Nossa! Nem parece que se passaram apenas quatro meses...Parece tão mais longo, esse comecinho de ano...Já vimos e vivemos acidentes (Japão), guerras e deposições, (Líbia e Egito), a fúria das chuvas (Rio de Janeiro e Paraná), tragédias (Realengo)...Talvez seja essa quantidade de fatos inusitados que tenha dado essa sensação de que se passou tanto tempo. Mas, de uma forma ou de outra, parece que está acontecendo "tudo de uma vez, agora", sabe como é?

Eu sempre costumo dizer que "quem sabe faz a hora, não espera acontecer", e que esse papo de "deixa a vida me levar" me passa a sensação de que a pessoa não tem iniciativa, não tem garra, não tem força de vontade...Talvez, por isso mesmo, quando me deparo com coisas inexplicáveis, como a morte de crianças, fico com a sensação de inutilidade, de que era inevitável...E será mesmo? Será que não podemos fazer nada para mudar esse quadro de situações?

Se as pessoas não morassem nas encostas de morros, talvez as tragédias não fossem tão grandes, quando viesse a época das chuvas; se as pessoas fossem avisadas a tempo, não tivessem tantas mortes por tsunami, na banda oriental; talvez, se educássemos melhor as nossas crianças, não tivéssemos tragédias como a que presenciamos no Rio de Janeiro...Talvez...

A questão que me preocupa é a de que há uma sensação de descaso no ar. Há pessoas que andam cabisbaixas, com o peso da modernidade nas costas, alheias a tudo que as cerca. Há aqueles que até levantam a cabeça, quando algo novo acontece, seja bom ou ruim. Mas, em seguida, abaixam novamente a cabeça, e seguem a caminhada, que nem sabem onde termina.

Por outro lado, há aqueles que erguem a cabeça, despertam de sua sonolência, e percebem que chegou a hora de fazer alguma coisa: lutam contra o cansaço, erguem a cabeça, e começam a agir...É dessas pessoas que precisamos, mais e de forma urgente. Pessoas que estejam dispostas a se doar um pouco mais, pelo bem do próximo e de si mesmas. E essas pessoas estão por aí, aos montes, apenas precisando de um empurrãozinho, ou de quem as escute. Precisa que lhes seja dada a voz, para que gritem: "quem sabe faz a hora, não espera acontecer"!

Nosso jovens precisam de limites, de modelos a ser seguidos, de "super-heróis" de carne e osso, não desses que voam, mas desses que lutam contra o que está estabelecido, mas de forma errônea. O que fazemos, quando vemos cenas de violência nas escolas?

Eu costumo dizer que não procuro "culpados" nos fatos que se sucedem, porque o tempo que gastamos investigando e apontando culpas, é um tempo precioso, que acredito que deva ser gasto para prevenir, preparar, educar, para que fatos hediondos, horrendos e estarrecedores, não se repitam.

Se a culpa precisa existir, mais importante ainda é que exista a expiação: vamos tentar reparar os erros, não do mundo, não do estado ou da cidade, mas dentro de nossas casas...O que dizer de uma mãe que fica sabendo que a filha andou dormindo na casa de pessoas estranhas, com pessoas estranhas, e fazendo coisas estranhas para sua idade?

Ou daquela mãe ou pai, que toma ciência que o filho apanhou, e querem bater no menino que agrediu seu filho? Isso é uma solução ou o agravamento do que vemos por aí? Há pais que ensinam que se seus filhos forem agredidos, devem revidar; há pais que falam palavrões, e cometem atos estranhos, na frente de seus filhos, e depois "não sabem" de onde veio a falta de educação dos mesmos...

Resolvemos tudo, agindo com pulso firme, impondo limites, dando educação para nossos filhos, se os outros não fazem o mesmo? Não...E é por isso que, além de educar os nossos, precisamos mostrar o exemplo, e auxiliar os que não o fizeram...Isso se chama solidariedade, voluntariado, apoio...Talvez, estejamos entrando numa era onde o apoio, a união, estejam desaparecendo...Cada um atrás de seu computador, apenas escrevendo em blogs, mas não agindo na vida real. Se nos isolarmos, estaremos resolvendo os problemas? Ou será que temos que nos ver mais, nos falar mais, trocar mais idéias?

Na Grécia, antiga, havia a ágora, que era o lugar onde a população se reunia para debater assuntos e buscar soluções. Ouso dizer que hoje, nessa era de revoltas e violências, de desastres e problemas "insolúveis", precisamos de uma ágora, urgente. Quem sabe as escolas, que hoje parecem ser separadas das comunidades, possam exercer esse papel de ágoras modernas, congregando as comunidades a trocar idéias, fortalecer laços, educar os filhos, e não apenas servir de palco para tragédias ou entrega de leite...

Fica aqui a idéia: façamos da escola uma ágora, um local de debate permanente, sem distinções d eidade, sexo, religião, partido político ou time de futebol...A hora é de nos unirmos, e não de nos separarmos.