sábado, 19 de fevereiro de 2011

Palavrões


Um problema que é cada vez mais comum: falar (e ouvir) palavrões. Hoje, estava conversando com um amigo, sobre o (mau) hábito que as pessoas têm, de falar palavrões.
Lembrei de um episódio, de um ou dois anos atrás, em que um pai de launo comentou que o filho teria lhe dito que eu tinha dito algo tipo "vá se f...". Pego de surpresa pela frase, nem tive tempo de responder, pois a Selma (vice-Diretora do Colégio) deu uma boa gargalhada e disse: "pai...se falassem que eu disse um palavrão, tudo bem...mas o Rogério não fala palavrões!"
E eu achei interessante ela ter percebido isso, pois de fato, não me sinto a vontade falando palavrões. Não que eu seja santo ou fique escandalizado com isso, mas é que em 20 anos de carreira de professor, me eduquei no sentido de não falar besteiras ou palavrões na frente dos alunos.
Tenoh amigos e amigas que falam palavrões com naturalidade, e não fico escandalizado com isso. Acho que o que me escandaliza mais, é quando vejo alguém se obrigando a falar um palavrão. E aí penso: "será que é uma tentativa de se auto-afirmar, de aparecer, de mostrar quem é que manda???"
Sim, de fato, me passam essas idéias pela cabeça, pois não vejo sentido em falar um palavrão fora de um contexto. Você já percebeu quando uma pessoa fala algo e aquilo parece falso ou forçado? É assim...
E tem mais: palavrão é uma arte, pois somente poucas pessoas conseguem falar um de forma "fina" ou sem escandalizar...E quando falo isso, lembro de outros países, outras culturas. Exemplo: em Portugal, falar em "bicha" (fila), "puto" (menino) e outras palavras, não é considerado palavrão.
Porque o sentido do palavrão não está em quem fala e sim em quem ouve. É a mesma coisa que acontece com palavras consideradas nojentas: se você está comendo e alguém fala em minhocas, sapos, girinos, lesmas, pode ser que você nem ligue, mas também pode ser que você vomite. E por quê? Porque, certamente, você visualizou algo ou vivenciou algo, que lhe traz mal estar. A mesma coisa acontece em relação ao palavrão.
Lembro também das palavras que não são palavrão, e acabam virando: lazarento e ignorante, por exemplo. A primeira se refere a Lázaro que, segundo a Bíblia, foi trazido da morte por Jesus. E ele tinha morrido com lepra. Então, lazarento é leproso. Já cansei de corrigir alunos que usavam essa palavra como xingamento. Quando descobrem o significado dela, percebem o quão cruel e ridículo é chamar alguém de lazarento...E a segunda, nada mais é que ignorar alguma coisa. Eu, por exemplo, sou ignorante em muitas coisas: Física quântica, controle de carros de F1, asa delta, etc. E nem por isso acho que isso seja ofensivo.
Pior é a pessoa que é arrogante, grossa, preconceituosa e mal-educada, e não se dá conta disso. No dia -a-dia de uma escola, percebemos isso constantemente. Tanto alunos como pais, muitas vezes, falam palavras duras e ásperas e não se dão conta disso.
A gente percebe isso quando respondemos no mesmo tom, e ouvimos: "nossa, se acalme, não precisa ser grosso ou se estressar". Esse é o momento em que nos damos conta de quanto as pessoas agem às cegas...
Então, vamos procurar analisar melhor o que dizemos e também como dizemos. Existe gente que fala um PQP de uma forma mais educada que outros, que falam "te amo" de forma cínica ou falsa...Não são as palavras que ferem, e sim a forma como as usamos...

Para saber mais: A Ciência do Palavrão - Superinteressante, Ed. 249 (FEV 2008) - http://super.abril.com.br/revista/249/materia_revista_267997.shtml?pagina=1

Nenhum comentário:

Postar um comentário