quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Tribos Urbanas

Hoje, gostaria de falar sobre tribos urbanas. E por que esse tema? Desde domingo, quando vi, no Fantástico, que skinheads e punks andam se matando, em São Paulo, tenho pensado nisso: pessoas querendo ter uma identidade, eu entendo. Não entendo é pessoas querendo matar que não tem a mesma identidade que elas...explico...

Antes de mais nada, situemos as "tribos urbanas", no tempo e no espaço. Desde que o mundo é mundo, jovem nunca foi jovem. Até o século XX, criança virava adulto, e ponto final. Essa fase, atualmente denominada "juventude", simplesmente não existia...


Na década de 40, as coisas mudariam...Entre 1939 e 1945, o mundo viveu a Segunda Guerra Mundial. Não consigo imaginar qual é a tensão de viver sob Guerra, mesmo que ela esteja longe. A tensão mais próxima que senti, foi no 11 de setembro. Mas, esse episódio foi fichinha, em se comparando com uma Guerra que matou milhões...

A questão é que, ao final da Guerra, houve o alívio: milhares de pessoas (talvez milhões), ansiavam por voltar, o quanto antes, à normalidade. Assim, multiplicaram-se os casamentos e, conseqüentemente, os nascimentos (os ingleses chamaram a esse período de "baby boom", numa clara alusão à explosão demográfica).

A questão é que, essas crianças, nascidas em meados dos anos 40, completaram seus 10 anos em meados dos anos 50...e bem nessa época, começaram a surgir as primeiras "tribos urbanas", formadas por jovens: surfistas e motoqueiros. Podemos exemplificar essa época com bandas como Beach Boys e filmes como O Selvagem da Motocicleta (1953):



Essas "tribos" foram mais comuns nos EUA que no Brasil ou Europa...

Em seguida, nos Anos 60, esses jovens chegaram aos seus 20 anos. Muitos se desiludiram com o "sistema" e se tornaram hippies. Outros foram se transformando em nerds, skinheads ou rockers. Beatles e Rolling Stones, e filmes como Hair (o musical, de 1968, e o filme, de 1979), são característicos dessa fase:




Esses jovens se posicionavam contra o "sistema, o "status quo", levantavam a bandeira do inconformismo, e gritavam "não confie em ninguém com mais de 30", sem lembrar que, na década seguinte, muitos atingiriam essa idade...

Nos Anos 70, os filhos dessa primeira geração de jovens começou a nascer, crescer e se tornara, também eles, jovens. E surgiram os punks, que curtiam Ramones e Sex Pistols:



Os Anos 80, quando os primeiros jovens chegaram aos 40, e seus filhos aos 20, foi a época dos carecas, dos cyberpunks, dos góticos e dos grafiteiros, entre outros. Lembro do gótico da novela (abaixo), e dos grafites que se tornaram arte urbana por excelência:



Nos Anos 90, a primeira geração chegou aos 50, a segunda chegou aos 30, e começou a surgir uma terceira, mais tecnológica, menos revolucionária (no Brasil a última grande manifestação foi a dos caras-pintadas). Essa foi a época dos clubbers, dos geeks, dos grungers, dos otakus e outros. Podemos perceber, agora, que "pertencer a uma tribo" nem sempre era sinônimo de contestação mas, muitas vezes, uma forma de mostrar (ou buscar) uma identidade:



E, finalmente, chegamos à nossa época, em que todas essas tribos coexistem, têm ramificações, e ainda foram acrescidas com o surgimento dos emos, entre outros. Agora,  pertencer a uma tribo significa o quê? Os jovens de hoje em dia não buscam mais contestar o regime, nem mostrar uma ideologia ou sua identidade. Apenas pertencem a uma tribo, como uma forma de pertencer à tribo, mesmo. 


Mas, e onde entra a violência, nesse contexto? De onde surgiram essas ramificações, que usam a idéia de "pertencer a uma tribo", com desculpa para enfrentamentos, guerras de tribos (ou gangues), muitas vezes seguidas de morte? Ao que me consta, começou (ou ficou mais visível), a partir desse fato, bem como de outros:


Antes de continuarmos (no próximo post), gostaria da opinião de vocês, sobre esse assunto...


21 de setembro, Dia Internacional da Paz

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