domingo, 24 de outubro de 2010

Intolerância

O assunto do momento, de todos os momentos, é esse: intolerância.
Há pessoas, cujo organismo não tolera lactose, por exemplo. E isso me lembra um trecho do filme "As Branquelas", onde um dos personagens não tolera lactose...Quem viu o filme, com certeza lembrará dessa cena e dará boas risadas...Ou, quem sabe, não irá tolerar o fato de eu lembrar de um filme (ou ousar assistí-lo) que tenha referências a humor escatológico, beirando a imoralidade, que fala de coisas que crianças não devem saber...
Nos cultos de domingo (ou sábado, ou qualquer dia da semana, para alguns), há uma porção de pessoas que se vestem de maneira discreta, falam de boca cheia sobre a "imoralidade dos outros", mas que não admitem que em suas vidas nem tudo corre bem...
Há pais que abandonam seus filhos homossexuais ou suas filhas grávidas, porque não toleram a "atitude" deles, assim como há alunos, adolescentes, que fazem a mesma coisa, e depois dizem que são modernos...
Modernidade...Ela nunca soa tão antiquada, quando vemos discussões políticas que caminham para o lado da "( i ) moralidade", que acham que o debate sobre o aborto, sobre eutanásia, sobre liberação de drogas, maior que o debate sobre a democracia, sobre a paz, sobre a saúde, a educação, a corrupção...
Eu acredito morar numa democracia...E, numa democracia, um assunto como o aborto ou a liberação de drogas deve passar pela sociedade, pelo desejo da maioria...ou não? De que essas pessoas têm medo? Que alguém libere o aborto mesmo contra a vontade do povo? E se liberar, o que acontece? As famílias não irão conseguir mais "controlar" os seus filhos? Precisa de uma lei para que haja essa benesse?
Na verdade, os filhos já não são mais controlados pelos pais há muito tempo, e a prova disso é as coisas que ouvimos, todos os dias, na escola: "não dou mais conta", "não sei mais o que fazer"...
É claro que precisamos de leis, de organização, de regras morais...Mas quem as faz somos nós, cidadãos conscientes, e não a ignorância de pessoas movidas pela imposição de outras pessoas...
A imagem que ilustra este post é do clipe "Like A Prayer", da cantora Madonna, da época em que ela ainda polemizava e era considerada "má" pelas pessoas de "boas famílias"...
Na época, década de 80, ela estava no auge, e os adolescentes, aos montes, ouviam suas músicas. Eis que ela chega com um clipe, onde há uma santo negro, que ela beija, e depois vê cruzes da KKK queimando do lado de fora...Símbolos que, para os EUA e para a Igreja Católica, eram (e são) ofensivos...A Pepsi, que tinha um contrato com a cantora, suspendeu o mesmo. Mas, mesmo assim, ela ainda lançou essa música, num disco cuja capa (abaixo) evocava a intolerância da mãe dela...
Explico: a mãe da cantora Madonna era uma católica fervorosa, e não aceitava que moças usassem calças jeans. Ela chegava a cobrir a imagem de uma santa, se uma moça vestindo jeans entrasse na sala de sua casa...E Madonna, cujo próprio nome evoca a Virgem Maria, colocou uma calça jeans na capa de seu disco...E porquê? Para esquecer o passado? Para lembrá-lo? Pra mostrar desaprovação? Ou era pura provocação?
Assim como Madonna, milhões de jovens adoram polemizar, escandalizar, apenas para se posicionar no mundo. Depois dessa fase, casam, têm filhos, põem esses filhos na escola, e o ciclo recomeça...
E as pessoas que se importam com calças jeans, cruzes queimando, símbolos tradicionais e escândalos sexuais, irão sempre preferir esses assuntos, que discutir coisas mais importantes e mais decisivas para seus futuros...
A propósito: eu não sou a favor do aborto. Mas eu nunca carreguei (e nunca carregarei) uma criança. Então, é fácil para mim me posicionar a favor ou contra...

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